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pacienciar;

semear nosso amor não me fez esquecer de mim fato é que me ensinou o que é amar. encontrar sentido no cuidado com o outro enquanto acolho quem vive aqui dentro. prometi muito por medo de perder, entreguei em vão para caber. hoje eu fico. não por urgência, mas por escolha. quão doce é o som de escolher amar quando deixo a luz em mim habitar. o amor onde antes me perdi me devolveu a mim. afinal de contas, eu também sou casa.

quando amanhecer;

quando amanhecer, não farei barulho só abrirei lentamente a janela pra luz tocar o seu rosto. deixarei café no fogo e chocolate no copo, palavras no ar, e uma cadeira vazia pronta pra você chegar. não direi que senti falta, mas deixarei pistas: meus olhos dançam quando te veem, meu silêncio sorri quando você fica. não te pedirei promessas, apenas que calce seus pés descalços nesse chão plantado sobre a leveza. e se o amor for mesmo casa, que bom que o tempo não trancou a porta.

quieto;

eu ficarei aqui quieto, sem temor cuidando e guardando o meu amor. gentilmente me curando vivendo sem dor. nesse sentimento tão intenso deixarei você falar, até seu peito amansar, pelo silêncio.

(des)compasso;

tiro o pé, sem pressa sem promessas de estação. o que pulsa não vem do grito chega quando o silêncio vira canção. tirei o relógio cravado no meu peito, plantei um jardim em mim. abrigar não combina com prender, cabe melhor enraizar. confusa, mas ainda flor. firme eu, mas agora leve. somos o instante onde não tem dor. até o medo sente que nos deve.  nos ensinamos um novo (des)compasso a luz não exige um troco, só espaço. já não quero certezas embaladas, quero presença sentada ao lado. que a história seja escrita e lida, com os pés descaços e a roupa suja de vida.

rotina;

levanto, parado, choro. a água fria escorre sob meu rosto ainda quente decido olhar no espelho... levanto, olho, choro. ainda não o encontrei.

revolta;

você quer a maior sinceridade? eu te odeio, mas odeio te odiar. eu passeava nas linhas com as cores em tons de cinza e as palavras embaçadas. você destruiu a minha vaidade literária acabou com a minha, até então, alma temerária. me diz, mulher... como que eu escrevo da dor, quando você só me faz enxergar o mais puro amor. odeio te odiar por simplesmente me fazer amar.

petúnia;

eles se foram, não é? tentou mudar o curso, de alguma forma trazer de volta o que já havia partido. nada muda. vai fazer o que agora? rasgar teu peito mais uma vez? todos eles levados embora pela sua tamanha insensatez. nada cura o amargor da ausência debaixo da língua, nauseante o som da desistência outra derrota humilhante. ninguém fica.